Um relato surpreendente de uma jovem que aprendeu a conviver com a AIDS... Depois daquela viagem, de Valéria Piassa Polizzi...

"às vezes ainda me sinto como Edward Mãos de Tesoura, preso em seu castelo, fazendo obras de arte porque não há outro jeito com o qual possa tocar as pessoas."

E eis que conhecemos a história de adaptação, batalha e superação de Valéria Piassa Polizzi, uma jovem que aos 16 anos, em sua primeira relação sexual, contrai o vírus da AIDS. Isso numa época em que ser HIV positivo era sinônimo de morte certa, em que não haviam medicamentos para todo mundo [apenas para quem pudesse pagar, como foi o caso de Valéria] e em que a doença ainda era considerada o mal dos 'gays'. Uma mulher sendo portadora do vírus era ainda mais absurdo e o preconceito e desinformação eram altos... 



Valéria nos apresenta Depois daquela viagem [publicado pela Editora Ática] como uma espécie de bate-papo informal, dando aos jovens [faixa etária alvo do livro] uma verdadeira lição de vida e de como você deve se prevenir para que não aconteça com você o que houve com ela. Ela trata do início, quando descobriu que estava doente, do choque, em ter que revelar aos pais, esconder do resto da família e dos amigos. viu suas expectativas e sonhos caírem por terra pois acreditava que não viveria muito. Foi no ano de 1986, aos 15 anos, que ela conheceu o homem que viria a contaminá-la meses depois. 

Eles se conheceram numa viagem de navio e após os contatos iniciais engataram um namoro. Com o passar dos meses, ela transou com ele pela primeira vez, e sem saber contraiu o vírus. Descobriu dois anos mais tarde, aos 18, ao fazer exames de rotina, por sentir algumas dores estomacais. Foi um baque e uma reviravolta na vida de Valéria. Ela viajou para os Estados Unidos para estudar, pois queria ao menos terminar um curso de inglês antes de morrer. Largou o teatro, a faculdade, o trabalho ao lado do pai, administrando seus negócios e passou alguns anos escondendo sua condição de soropositiva dos amigos que fez na estadia nos EUA. Ela tinha medo que as pessoas descobrissem e a expulsassem do país.

Nos primeiros anos ela não tomou o AZT, um conhecido remédio que prolonga o tempo de vida dos pacientes, mas a medida que sua imunidade vai baixando assustadoramente, e o médico que a examina regularmente praticamente implora que ela comece a se medicar, ela volta ao Brasil para começar seu tratamento. Não antes de ter uma tuberculose que quase lhe tira a vida...

Lembro quando eu era pequena e vi uma entrevista com Valéria num programa na TV, em que ela falava sua história e contava sobre a publicação de seu livro. Fiquei curiosa para saber mais a respeito dela, ainda mais por se tratar de alguém com meu nome. Isso ocorreu em meados de 1998, quando eu tinha então 12, 13 anos. E só agora, aos 29 anos, é que tive a oportunidade de ler seu livro... E pasmem - Valéria ainda é viva.

Passado um tempo, ela já namorou, morou fora do país e hoje dá palestras sobre AIDS, além de ter 3 livros publicados. Depois daquela viagem foi seu romance biográfico de estreia, escrito em fins da década de 1990. Foi colunista da revista Atrevida, lançou Papo de garota e Enquanto estamos crescendo e teve seu livro publicado em vários países, servindo como uma espécie de guia de prevenção para jovens e adolescentes. 




Já são quase 30 anos convivendo com a doença, para alguém que achava não passar de 10, Valéria é uma vencedora, uma guerreira, e hoje faz campanhas e palestras orientando os jovens a usarem camisinha e discutindo sobre Educação sexual nas escolas. Terminou a faculdade de Jornalismo. Casou. Viajou pelo mundo. Depois daquela viagem é uma verdadeira lição de vida, recomendo a todos, não apenas jovens, mas a quem gosta de uma história sensível, tocante e de superação diante das adversidades... É um livro que não aborda apenas a AIDS, mas também o preconceito, a vontade de viver, é sobre a adolescência e sobre sonhos...

Fica aqui registrada minha imensa admiração pela autora, minha xará...



Espero que tenham curtido a resenha. Já leram alguns de seus livros ou á tinham ouvido falar em Valéria? Me contem nos comentários... 

6 comentários:

  1. Oi Val. amora eu achoque qd alguém passa o vírus HIV para outra, deveria se enquadrar em tentativa de homicido. Talvez eu esteja falando de modo passional, mas vejo assim. Nesse caso, Valéria a autora, consegui viver e sobreviver ao que aconteceu a ela, tanto a contaminação, quanto ser contaminada elo primeiro namorado. Que bom que ela conseguiu colocar em forma de livro a sua experiencia, e que mesmo com todos os medos que ela tinha da doença, ela os venceu e assim pode ajudar outras pessoas. Parabéns a autora pelo livro, e pela lição que ela nos passa. Você pode estar doente, mas não necessariamente ser doente. Lindo, lindo lindo..........
    bjs
    www.amorascompimenta.com

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  2. Ai que linda. Doenças, são sempre complicadas e ver as pessoas superando suas dificuldades é muito bonito! Que bom que ela está bem ainda, deve ser uma história incrível.

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  3. Que bacana esse livro, eu não tinha visto esse livro
    Gostei muito da resenha e achei muito importante, ele nos mostra a realidade e nos ajuda muito
    com a prevenção
    muito bom
    bjs

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  4. Olá flor, não conhecia nenhum desses livros , achei a historia bem interessante e linda, Esse livro é otimo para os jovens aparender a lidar com certa situaçoes da vida, ela é mesmo vencedora e uma guerreira, e que ela continue assim que se passe 30, 60, 100 anos ajudando os jovens com suas palestras. beijos

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  5. Que história de superação
    maravilhosa, muito difícil para
    uma menina.
    Amei conhecer essa história de vida

    Linda Noite!!
    beijokas da Nanda

    Mamãe de Duas

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  6. Porra Val, que livro é esse?
    CARAMBA!
    Não conhecia e já quero muito lê-lo.
    Tenho um caso de soro + na família e poder aprender um pouco como lidar
    com essa experiência é sempre algo muito bom.
    Essa autora tem a minha admiração agora, pois não é todo mundo que
    tem a moral de dar a cara ao preconceito assim, não.
    Perfeita resenha!

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