O belo no Grotesco – Os “monstros” da vida real, do cinema e da literatura.
Em meu oitavo período de estudos na faculdade, durante minha graduação do curso de História, em 2012, apresentei um trabalho falando sobre personagens de bom caráter que possuem aparência grotesca/monstruosa, do cinema e de obras literárias, fazendo um comparativo com exemplos reais. Procurei alguns personagens que admiro, numa espécie de compilado e resolvi mostrar esse trabalho a vocês, pois acredito que a temática que ele aborda cabe aqui - com termos mais sucintos do que os utilizados no artigo acadêmico...
O personagem abordado na obra Frankenstein, de Mary Shelley, a Criatura feita por Victor Frankenstein, foi um dos objetos de análise deste trabalho, por seu aspecto grotesco e índole inicialmente bondosa, embora com o decorrer da história tenha sido corrompida por ter sido rejeitado, abandonado e deixado para morrer pelo seu criador. A Criatura pode ser considerada um símbolo dos excluídos, uma espécie de crítica da autora para com a sociedade de sua época.
Outros personagens de livros que merecem destaque se encontram em duas obras de Victor Hugo: Quasímodo, da obra O corcunda de Notre Dame e Gwynplaine, de seu livro O homem que ri. Escrito em 1831, a história do Corcunda fala sobre uma criança rejeitada por sua deformidade, mas que cresce com o coração bondoso, a ponto de se apaixonar por uma bela moça, Esmeralda, uma cigana de grande beleza. Dá-se o contraste do belo com o grotesco na relação afetuosa que Quasímodo nutre pela cigana, embora esta não enxergue a beleza interior de seu salvador apaixonado, por medo de sua aparência assustadora.
Gwynplaine, o homem que ri... |
Dentre os personagens reais retratados no cinema que sofreram preconceito da sociedade em que viveram por suas deformidades destacam-se Joseph Merrick, O homem-elefante, e os personagens circenses do filme Monstros, de 1932. Joseph Merrick possuía uma doença rara que deformava praticamente todo seu corpo, homem de bom caráter que aos cuidados de um médico que o recolheu do circo onde era atração bizarra, pôde viver com dignidade e frequentou os círculos sociais do período Vitoriano, sendo inclusive, convidado a várias celebrações pela própria rainha Vitória.
No caso dos personagens circenses de Monstros, estes eram objeto de curiosidade e repugnância pelos frequentadores dos circos que possuíam atrações bizarras, shows de horrores muito comuns no início do século XX. Por suas variadas deformidades físicas, eram considerados aberrações, que viviam à margem da sociedade. No filme, o diretor Tod Browning faz uma crítica de imagens utilizando-se de ícones de beleza de sua época, que possuíam mau-caráter, contrastando com as “aberrações” que tinham um bom coração, uma espécie de “Perfeição” suja e o Grotesco limpo. Os belos do filme eram ruins, e os deformados eram boas pessoas.
Como bônus, pois não estava inserido em meu artigo, acrescento o personagem Edward Mãos-De-Tesoura, que tomou forma no ator Johnny Depp, imortalizado no filme homônimo de Tim Burton. Não poderia deixar um dos personagens do cinema que mais admiro e me identifico, fora dessa postagem... Edward é um rapaz criado em laboratório, mas antes que seu criador concluísse o trabalho, acabou falecendo, deixando no lugar onde deveriam ter mãos... tesouras... Edward vive isolado em seu castelo, num terreno afastado da pequena cidade onde se passa a história. Até que um dia, uma senhora aparece em sua porta, e vendo seu estado de solidão [e após o susto inicial], resolve levá-lo para sua própria casa e mostrá-lo à civilização, que enxerga com surpresa aquele indivíduo tão estranho e descolado, mas que apesar da aparência, possui um caráter gentil...
Todos estes personagens tem um fator em comum: alguma característica física que os torna amedrontadores para a humanidade, e por esse motivo são estigmatizados, excluídos, postos à margem do convívio social. Por vezes, a índole bondosa que eles possuíam acabava se perdendo diante de tantas rejeições e preconceito por parte das 'pessoas de bem'. É fato que a estranheza causa desconforto, qualquer coisa que se sobressaia do padrão acaba por ser visto com desconfiança. Não é preciso ter mãos de tesoura, corcunda ou um sorriso que nunca se desfaz para ser marginalizado. Por nossa cor, condição social, religião, orientação sexual ou gosto musical/literário já temos fatores suficientes para muitos nos tratarmos como inferiores. Bem, fica aqui a reflexão... Por vezes, aquilo que se mostra belo e perfeito traz em seu interior uma mácula odiosa, seja ela em falta de caráter ou intolerância com as diferenças... E sim, eu prefiro os 'monstros'. Sempre me juntarei à eles, nas bordas do que chamam de 'mundo'...
"We accept you, one of us! Gooble Gobble!"
Oie!
ResponderExcluirhahahah eu adoro uma parte esses que você citou.
Edward e o Corcunda fizeram parte da minha infância e sempre terão uma pontinha do meu coração.
Muito interessante seu post, tenho certeza que você arrasou no trabalho.
;**
www.saladadelivros.com
Também gosto muito dos monstros. Ser amedrontador por fora não pode significar ser amedrontador por dentro, certo? E tem várias histórias que mostram isso... Shrek mesmo! Ele é totalmente deformado e feio, mas é um cara super legal.
ResponderExcluirBeijos! Amanda.
Expresso de Nárnia
Que post diferente, adorei. Conhecia todos os personagens {acho que boa parte conhece}. Alguns deles foram citados na minha aula de cinema, por sinal. ♥
ResponderExcluirE que trabalho interessante esse que você teve que fazer hein, parabéns.
Beijos
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirQue texto bacana! Gostei demais, deve ter sido um ótimo trabalho esse seu, viu, adorei a temática!
Concordo com você que a rejeição e o preconceito da sociedade por muitas vezes acaba destruindo o melhor das pessoas, que mesmo tendo um bom coração, acabam nutrindo más sentimentos por conta da rejeição e do ostracismo da sociedade.
Beijos :*
http://www.livrosesonhos.com/
Olá, nossa adorei o post, super criativo! Gostei bastante do seu trabalho da faculdade e que trouxe para o blog, muito legal mesmo. Confesso que conheço a história de alguns monstros, tipo o homem elefante eu não fazia ideia! mas gostei muito de conhecer todos.
ResponderExcluirBeijos
http://www.oteoremadaleitura.com
Olá!
ResponderExcluirQue post interessante!
Foi uma ótima escolha de tema para seu trabalho, adorei o fato de trazê-lo para nós aqui no blog!
Conhecia alguns desses personagens e outros não. Eu simplesmente adoro o Frankenstein e o Quasímodo.
Adorei o post!
Beijos!
Valéria,
ResponderExcluirconcordo muito com você,
Normalmente eu também prefiro os "monstros" ou vilões eles são mais interessantes que os mocinhos.
Os que você falou e que eu já conhecia é verdade que eles tem alguma coisa diferente e por isso são estigmatizados.
Essa sua apresentação deve ter sido ótima.
Eu adorei.
Lisossomos
Oi Val, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei o post!
Já ouvi falar dos outros, mas conheço mesmo é o Edward, que é uma dos personagens que marcou minha vida, pois desde que me lembro assisto sempre o filme!
Bjs
A. Libri
Oie! Tudo bem?
ResponderExcluirNossa, que ideia genial! O artigo deve ter sido sucesso. Adorei todos apresentados, mas confesso que gosto muito do Ed e da Criatura de Frankstein.
Beijos,
Juliana Garcez | Livros e Flores
Oi Maria valeria!!
ResponderExcluirAdorei o seu post! Gosto muito do Edward e do Quasímodo! Sempre me identifiquei com o quasímodo no desenho, tinha muita pena dele por ser rejeitado desse jeito e Edward era quase a mesma coisa... E adorei conhecer os outros personagens que você citou! Um post muito interessante e muito bem elaborado, parabéns!
Beijos
LuMartinho | Face
Seu post ficou demais, sério! Eu adorava assistir o filme do Edward quando criança. Nunca tive medo dele, sempre percebi sua "pureza", muito lindo mesmo!
ResponderExcluirbeijos
www.apenasumvicio.com
Eu gosto muito de O Corcunda de Notre Dame. O Quasi é um personagem que me chamou atenção por diversos motivos, e a história do livro em si - pra mim - é muito interessante. Adorei essa publicação, sério, ficou muito interessante você explorando esse assunto.
ResponderExcluirhttp://laoliphant.com.br/
Ave maria!
ResponderExcluirOdeio terror, sério, tipo, odeio muito. Evito tudo que relaciona o mundo dos monstros, pois acredito que todos eles existiram e pronto.
Apesar do meu medo eterno, sua postagem foi bem criativa.
Hahaha acho mt interessante esse tema.. Pretendo ler O Corcunda de Notre Dame em breve, já até comprei o livro
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