Pequenos Deuses, minha estreia com Terry Pratchett

 Recebi este livro como cortesia da Bertrand Brasil para resenhá-lo para o blog Leitor Cabuloso, do qual sou resenhista. Confesso que nunca tinha lido nada do autor, Terry Pratchett. Pequenos Deuses é o 13º livro da série Discworld, é considerada um clássico de Fantasia e foi publicada em vários países e traduzida para mais de vinte idiomas. Discworld é o mundo fantástico onde as histórias ocorrem, servindo de referência por satirizar jogos de RPG e grandes autores do gênero... 



Somos apresentados a Brutha, ingênuo e de ótima memória, que vai se aventurar mundo afora junto com uma tartaruga que se apresenta como sendo o grande deus Om. A religião é algo fortemente discutida no reino, e os deuses precisam da crença das pessoas neles para adquirirem poder. Quanto mais seguidores, mais poder o deus terá. O problema é que a única pessoa que acredita realmente em Om é Brutha, e a tartaruga depende dele constantemente para não ser morta por engano... 

Apesar de ser o décimo terceiro volume da série, é possível ler e compreender a história sem a necessidade de ter lido previamente os volumes anteriores. Um dos aspectos mais encontrados ao longo do livro é a crítica à religiosidade. Em vários pontos, é possível detectar referências ao Cristianismo, às religiões pagãs, ao hinduísmo. A linguagem do livro é um pouco difícil, existem várias ironias contidas ao longo do texto, mas lendo atentamente é possível percebê-las ao longo da história... 

"Há bilhões de deuses no mundo. Formam um bando mais numeroso do que ovas de arenque. Muitos deles são pequenos demais para serem vistos e nunca são adorados, pelo menos não por algo maior do que bactérias, que nunca fazem suas orações e não são muito exigentes em termos de milagres. São os pequenos deuses - os espíritos dos lugares onde duas trilhas de formigas se cruzam, os deuses dos microclimas abaixo dos gramados. E a maioria deles continua assim."
Na cidade de Omnia, onde vive Brutha, há um Quisidor chamado Vorbis, que em sua ânsia de poder, decide tomar outras cidades alegando existir apenas um deus verdadeiro, Om, e que todo culto a outro deus deve ser destruído, e seus sacerdotes punidos. Om decide se manisfestar como um touro e acaba ressurgindo como uma tartaruga, e é nesse corpo que ele precisa convencer o bobinho Brutha, de que é o grande deus Om. Além do mais, ele está desmemoriado, porque viveu alguns anos no deserto, perdeu um olho e volta e meia precisa tomar cuidado com as águias que adoram tartaruga no almoço...



Existem hierarquias no templo da cidade onde Brutha vive. Seriam padres e coisas do tipo, com nomes específicos, como por exemplo, os Arcepadres, Sous menores e algumas centenas de bispos, diáconos e sacerdotes. Os noviços ocupam um lugar menor que esses indivíduos, e logo abaixo deles se encontram os artesãos, torturadores e virgens vestigiais. Caso alguém cometesse alguma heresia, seria julgado pelo tribunal da Quisição. Por medo de serem punidas, as pessoas se submetiam à todas as ordens da religião praticada no reino. Nota-se a referência clara à Inquisição católica e à forma como a fé é utilizada para manter certas pessoas no poder...

Filosofia, política e afins também são encontradas nas páginas de Pequenos Deuses. Os dogmas de várias religiões, bem como o misticismo e formas de governo são metaforicamente utilizados para compor a trama do livro. Há também a questão do mundo conhecido por eles ser considerado redondo e alguns contestam dizendo que ele é plano e fica acima do casco de uma tartaruga, que plana no vazio... 

Quanto à diagramação do livro, só ouso ressaltar que o livro não se divide em capítulos e em alguns momentos, a leitura se mostrou um pouco cansativa por conta disso... Mas é questão pessoal mesmo, por não gostar muito de livros sem divisão de capítulos... Afora isso, a edição está perfeita...  

Em suma, não é um livro para crianças, acredito eu, pois sua linguagem cheia de metáforas e simbolismos serão melhor compreendidos por um público adulto, já habituado ao gênero de Fantasia. Terry Pratchett faleceu em março deste ano, mas sua obra se eternizou em 39 livros que compõem a série Discworld e certamente, muitas gerações irão se deliciar ainda com seus personagens e aventuras... 






12 comentários:

  1. Oi Maria, amei a sua resenha, está muito bem construída! Mas confesso que esse livro não faz meu estilo de leitura, então não é algo que eu pegaria assim para ler, não no momento por enquanto, mas mais para a frente quem sabe né? :D

    Beijos

    http://www.oteoremadaleitura.com/

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  2. Olá, Maria. Não sei se leria o livro, não faz muito o tipo de livro que gosto de ler. Mas quando eu quiser sair da minha zona de conforto, quem sabe?!
    Beijo,
    http://www.pactoliterario.com/

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  3. Olá!
    Não conhecia essa série, mas fiquei interessada ao ler que satiriza jogos de RPG hahaha.
    Não faz muito meu estilo de leitura, mas vou colocar Pequenos Deus na lista de desejados.
    Beijos!

    www.livrosdajess.com

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  4. Nunca tinha ouvido falar dessa série.
    Incrível já que ela é até bem longa.
    Gostei da ideia do livro, mas acho que não leria porque livros sem divisão de capítulos também me incomoda.

    Lisossomos

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  5. Oie!!!
    Então, conheci esse livro em um evento da editora e fiquei particularmente interessada.
    Tenho certeza que assim como você serei fisgada já no inicio.
    Adorei sua resenha.
    ;**

    www.saladadelivros.com

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  6. Oi Val, tudo bem?
    O livro me ganhou quando você falou que é conhecido por satirizar jogos de RPG e autores do gênero. Adoro isso!
    Bjs

    A. Libri

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  7. Olá
    achei bem bacana a sua resenha, já havia visto uma opinião no Geek Freek e achei muito top, eu confio de mais nas opiniões dele sem falar que a história é bem louca kkkk e a capa é muito top
    Bjks
    Passa Lá - http://ospapa-livros.blogspot.com.br/

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  8. Oi, Maria!
    Não conheço o livro e até gosto muito de fantasia, mas a questão de não ser dividido em capítulos me fez ter receio de ler, porque também não gosto de livros assim acho a leitura arrastada e confusa. Adorei sua resenha! :)

    Beijos,

    Rafa [ blog - Fascinada por Histórias]

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  9. Não é o tipo de livro que eu leria. O enredo parece muito interessante, mas certamente eu o indicaria para um dos meus colaboradores que é fascinado por esse genero.

    http://laoliphant.com.br/

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  10. Val, curti o livro, principalmente para meu enteado, mas não é algo que lereia no momento ou compraria para mim...

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  11. Oii, tudo bem?
    Apesar de eu adorar mitologia, esse livro não conseguiu chamar minha atenção, que bom que você gostou, mas dessa vez passo a dica, rsrs.

    Beijos da Jéss ♥
    Brilliant Diamond | Fan Page

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  12. Oie, tudo bom?
    Não é o tipo de livro que eu gosto e não compreendi muito bem a proposta da narrativa. Não conhecia esse clássico, mas é uma ótima dica para fãs do gênero.
    beijos,
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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