Como nasceu a alegria, por Rubem Alves

Em algum momento eu já falei nesse blog o quanto a escrita de Rubem Alves me enternece. Conheci sua obra através de leituras voltadas para o público infantil mas que servem facilmente para deixar os adultos refletindo, e não poderia ser diferente no livro Como nasceu a alegria.

As pessoas, em sua maioria, costumam evitar determinados assuntos com crianças, a fim de lhes poupar dissabores tão cedo. Mas isso não significa que as crianças não sintam medos profundos, confusos e sem nexo. Os adultos acham que falar apenas no lado bom e feliz da vida resolve alguma coisa. Eu penso que não. 

Nas curtas estórias de Rubem Alves, a exemplo desse título, o autor dá símbolos para que os pequenos falem sobre seus medos. Discorram sobre eles, aprendam com eles para só assim conseguir enfrentá-los, ou em alguns casos, suportá-los quando inevitáveis. 

Uma flor com uma pétala cortada por um espinho. Crescendo num jardim onde só haviam flores perfeitas e intactas. Seguindo a ordem natural das coisas, a natureza conspira e trabalha para que nada desequilibre o ambiente. Os anjos e animais têm suas tarefas diárias a fim de manter a harmonia nos jardins. 


Flores vaidosas, cheias de si, sem cortes ou arranhões para lhes tirar a bela aparência. Todas acreditavam ser a mais perfeita entre as outras. A vaidade as impedia de ouvir a opinião de suas companheiras. Belas mas vazias. A flor de pétala cortada não se incomodava com sua pequena 'imperfeição.' Vivia feliz e alheia àquele detalhe, pois não lhe doía. Mas as outras flores passaram a vê-la de forma esquisita, ao ponto dela começar a se enxergar esquisita, à margem das demais. Sendo assim, a tristeza lhe invadiu e ela chorou. 

Suas lágrimas desencadearam uma sequência de acontecimentos envolvendo outros seres da natureza. A tristeza da flor chegou até Deus. E tudo foi surgindo a partir dali... As coisas iam se moldando e a florinha nunca pensou que todos se compadeceriam dela... E um belo e emocionante milagre aconteceu.

A alegria surgiu da tristeza, do choro, da superação. Da importância de se querer bem e de enxergar o quanto as pessoas que amamos nos amam também. É a elas que devemos ouvir, e não a um punhado de seres que não suportam nossa aceitação e felicidade. Deixar doer para saber florir... E deixar nosso perfume se espalhar pelo mundo, atraindo a alegria para perto da gente...


10 comentários:

  1. Oiii tudo bem Maria, que bacana essa dica menina! Parece ser uma leitura um tanto envolvente e até mesmo uma ótima pedida para quem curte e que deva conhecer Rubem Alves, dica anotada!
    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Olá!
    Não conhecia a escrita de Rubem Alves mas gostei bastante da proposta da obra apresentada. Simples e repleta de encantos.
    Quem sabe leia mais em algum momento.
    Beijos!

    Camila de Moraes.

    ResponderExcluir
  3. Oi.
    Adorei a dica.
    Não conhecia a escrita do Rubem Alves, mas achei tocante e simples, e ao mesmo tempo capaz de despertar reflexões importantes.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  4. Oi!
    Nossa, esse livro parece ser bem profundo e um pouco deprimente, mas eu gostei muito da premissa. Ainda não conhecia a obra e agora quero muito ler.

    ResponderExcluir
  5. Que lindo!!!

    Deixar doer para flori, aceitar a imperfeição e valorizar a opinião dos que nos amam e não daqueles que só entram pra criticar. Palavras sábias em forma de poesia, conselhos que servem pra vida toda, à qualquer idade.

    Beijos

    aliceandthebooks.blogspot.com

    ResponderExcluir
  6. Oi, tudo bem?
    Eu nunca li nada do Rubem Alves e confesso que não tinha curiosidade. Porém, achei esse livro interessante.
    Eu acredito que assuntos difíceis, mas que fazem parte da vida, devem ser abordados com as crianças sim. Os adultos muitas vezes subestimam as crianças, como se elas não tivessem sentimentos complexos ou não fossem capazes de entendê-los. No entanto, acho que elas são tão capazes de sentir quanto nós adultos e, por isso, é preciso encontrar maneiras para que elas possam entender melhor esses sentimentos difíceis e aprender a lidar com eles.
    Adorei a indicação e achei uma obra muito interessante.
    Beijos!

    ResponderExcluir
  7. Oi Maria, com certeza uma leitura muito boa, sem falar que esta capa está linda. Belas mas vazias, e há tantas pessoas assim pela vida.
    Bjs Rose

    ResponderExcluir
  8. Oie amoreca,

    Li Rubem Alves na época da escola, depois não li mais nada.
    Gostei de ver sua paixão por ele.

    Beijokas!
    www.facesdeumacapa.com.br

    ResponderExcluir
  9. Gente, que lindo esse post. Fiquei com vontade de ler. Parece que o autor deu um significado metafórico para a história, que mostra como conviver com as diferenças e como podemos afetar o outro. Amei e anotei a dica aqui. Um beijo e sucesso.

    ResponderExcluir
  10. Olá!! :)

    Eu confesso que gostei bastante de ler este texto, que valeu uma boa reflexão! Lembro me de teres falado sobre isso sim!

    Adorei especialmente a parte em que se fala do deixar sentir a dor para florir mais tarde.

    Boas leituras!! ;)
    no-conforto-dos-livros.webnode.com

    ResponderExcluir

De Bukowski a Dostoievski. Ana Cristina César a Lilian Farias. Deleite-se com a poesia de Florbela Espanca e o erotismo de Anaïs Nin...
Aforismos, devaneios, quotes dispersos e impressões literárias...um baú de antiguidades e pós-modernismo. O obscuro, complexo, distópico, inverso... O horror, o amor, a loucura e o veneno de uma alma em busca de liberdade...

Seja bem-indo-e-vindo[a]!

Witches Hat
Tecnologia do Blogger.